O mar começou a quebrar contra as pedras perto do farol com suas ondas de fim de tarde, e por mais quente que o dia havia sido, logo logo os deuses soprariam ventos frios vindos das profundezas do horizonte.
Vi uma garota de cabelos curtos e molhados na frente do rosto, de braços cruzados e olhando pro nada, fumando, com uma camisa branca meio molhada de letras garrafais WAY e canga enrolada na cintura feito saia dançando sozinha, como se possuísse um corpo independente e que a imobilidade da garota não fizesse juízo nenhum pra que parasse de flamular. Baden Powell tocava continuamente umas suítes na minha cabeça, bem baixinho, enquanto o sol descia vermelho e atravessava as ondas além dos barquinhos que voltavam do mar.
Vi uma garota de cabelos curtos e molhados na frente do rosto, de braços cruzados e olhando pro nada, fumando, com uma camisa branca meio molhada de letras garrafais WAY e canga enrolada na cintura feito saia dançando sozinha, como se possuísse um corpo independente e que a imobilidade da garota não fizesse juízo nenhum pra que parasse de flamular. Baden Powell tocava continuamente umas suítes na minha cabeça, bem baixinho, enquanto o sol descia vermelho e atravessava as ondas além dos barquinhos que voltavam do mar.
Não parece o farol da Barra?
Hm?
Não parece o farol da Barra? a garota segurava o cigarro nas pontas dos dedos e mantinha a mão no alto da testa, segurando os cabelos, de braços cruzados e caminhando descalça pra mais perto.
Hm?
Não parece o farol da Barra? a garota segurava o cigarro nas pontas dos dedos e mantinha a mão no alto da testa, segurando os cabelos, de braços cruzados e caminhando descalça pra mais perto.
Dei uma boa olhada no farol. Era um cara bonito, imponente, claro. Mas não parecia, nem de longe, o farol da Barra. Hesistei um pouco, cocei a cabeça e respondi sinceramente que não. Ela sorriu, como se já esperasse minha resposta, e caminhou em direção da fogueira, afastando-se de mim. Sorri sem graça e bebi um pouco d’água afundando a cabeça entre os ombros.
Fuma?
Olhei pra trás e vi a garota com um violão na mão e um cigarro aceso na boca.
Você tem?
Ela tirou o cigarro da boca e colocou na minha, entregou o violão e perguntou se eu conhecia alguma música boa.
Conheço várias.
Sabe tocar alguma delas?
Quase nenhuma.
Sabe tocar alguma delas?
Quase nenhuma.
Ela riu e me puxou mais pra perto do farol, beirando as pedras e o mar. Baden Powell fez de silêncio e eu ouvi Pepeu Gomes tocando devagarinho. Acompanhei como pude no violão. Ela sorriu, deixou os cabelos molhados caírem por cima do rosto mais uma vez e começou a cantar ‘Farol da Barra’, mexendo o corpo com o vento e sorrindo por entre os lábios finos e pelas mechas que atravessavam na frente da boca.
Quando o sol se põe vem o farol iluminar as águas da Bahia, no farol da Barra o encontro é pouco a conversa é curta, tudo é tão rápido como se furta, como a luz bate nas águas, como tudo que se passa, quando o sol se põe vem o farol iluminar as águas da Bahia…
Qual seu nome?
Hm, qual você acha que é?
Não sei. Mas vou te chamar de Baby, que tal?
Hm, qual você acha que é?
Não sei. Mas vou te chamar de Baby, que tal?
Ela riu e continuou a cantar.
Com tanto cabeludo, com tanto pôr-do-sol, bem cabia uma profecia…
Até o ano dois mil o farol além de pôr-do-sol será o pôr-do-som, onde verás um realejo, onde verás um violão…
Até o ano dois mil o farol além de pôr-do-sol será o pôr-do-som, onde verás um realejo, onde verás um violão…
#Conto de Felipe F. Castro do blog Janela do Mundo. Todos os direitos respeitados.
Não por ser meu amigo, nem conterrâneo; mas por ser um escritor fantástico.
Muito obrigado por essa passagem na Franquia.
Não por ser meu amigo, nem conterrâneo; mas por ser um escritor fantástico.
Muito obrigado por essa passagem na Franquia.
Um comentário:
Perfeição o por do sol!!!
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