Temo que, para explicar o amor, preciso antes falar que ele é inexplicável. E temo também que, a fim de entendê-lo, necessito te falar que ele é deveras incompreensível. Mas quantas delongas e que falta de educação a minha, para com tu, que lês este texto, por não me apresentar. Sou Cássia, mas há quem me chame de Catarina, Bárbara ou Marisa. Sou todas elas e sou nenhuma. E ainda sou muitas outras. Cada uma dessas mulheres já teve seus amores, seus corações trincados e seus remendos. E pelas experiências dessas mulheres, escrevo aquilo que me foi incumbido.
É sabido que quem ama não segue a estrada de acordo com os seus próprios passos. É como uma gueixa que se queixa, mas ainda se deixa levar pela correnteza. Aquele que ama quer os beijos lambuzados que calam e falam. As mãos que, vorazes, acariciam os quadris avantajados. Quer as pernas que desesperadas se encaixam nas de outrém, como a boca, como os braços, como o sexo.
Amar é encontrar a casa intacta logo após um tufão ou a agonia de uma metrópole em meio à calma de uma mata virgem. É pisar em ovos e, logo em seguida, fazer uma omelete. Esse sentimento é multifacetado tal qual a mulher, pois há o amor envolvente de Cássia, há o amor barroco de Catarina, o amor unilateral de Bárbara e ainda o amor suave de Marisa. E cada amor é verdadeiro e puro na sua individualidade. Por fim, o amor é uma linha reta com curvas que se prolonga pelo infinito do espaço-tempo sem nunca se tocar. O amor é impossível, mas ainda assim, sentido por todos que, pelo menos em algum instante, caro leitor, deixou de pensar apenas em si.
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