quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O melhor é ser feliz

Namorava Aqueus há sete anos. Quem conhecia nossa história falava que éramos o símbolo do amor eterno. Apaixonados e dedicados há qualquer momento: era essa nossa sina.
Como tudo que não é regado morre, o que é regado demais segue o mesmo caminho. Nossa união não foi feita de excessos e nem de faltas, mas chegou um determinado tempo que a planta que cuidávamos, como o nosso próprio ser, nosso corpo de existência, morreu. Não descobri suas origens. Levei o caso para o IML, mas ainda não saiu a autópsia.
Acordar, olhar para o lado e ver que a metade de mim – que eu tanto considerei –, está fora, isso leva-me ao paradoxo que não posso permanecer assim.
Quando eu chorar, quem vai segurar as lágrimas, impedindo-as que toquem o chão e contando quantas gotas tocam na palma de sua mão? Ele sempre fazia isso e era um dos grandes momentos em que ele transportava o meu choro ao riso. E quando eu sorrir, quem vai contar os tipos de risadas que tenho? Quando dormir, quem fará desenhos em minhas costas com a ponta dos dedos, enquanto pego no sono? Quem estará comigo nas compras, no jantar, no amor, na raiva? Quem?
Por mais que todas essas perguntas cubram-me os pensamentos, eu sei todas as respostas. Não é que eu não consiga ficar sozinha. Eu consigo, mas não quero. Não é que ele seja a MINHA metade, ele pode ser de outra, assim como posso encontrar outro que seja. Afinal, somos moldáveis na medida em que amamos.

Depois de três dias que ele terminou, liguei para Tracy, ainda com lágrimas nos olhos e pedi que viesse visitar-me. Contei os detalhes a ela, estava abatida, apesar de considerar que nosso relacionamento já tinha ultrapassado os limites de continuidade.
Ela convidou-me para sair e fui. Lá, bebemos, conversamos, conheci um cara lindo e que se interessou por mim, mas não quis conta.
Ao chegar em casa, percebi que eu sei chorar, sem que alguém precise estar perto, pois uma hora cansarei ou as lágrimas secarão. Sei sorrir de alegria, de raiva, com os lábios tortos, semi-abertos; pois não importa quantos modos de sorrir eu tenha, o importante é que eu os pratique.
O desespero em estar só às vezes bate, é normal. Estar solteiro tem lá as suas partes boas, não somente pelo fato de poder relacionar-se com alguém hoje, amanhã e depois. Mas porque podemos ter um tempo maior para nós mesmos. Um tempo que se tivéssemos namorados, talvez pudesse ser interrompido. Podemos ter um maior tempo para divertimo-nos com os amigos, com a família. Aproveitar as coisas menores: a risada na chuva, com a irmã querida; ficar até tarde na rua, sem ter que dar satisfações com quem estamos; sair sem o celular, porque o namorado pode ligar e perguntar onde e porque fomos.
Estar solteiro tem lá as suas vantagens, assim como namorar tem as suas. As vantagens de namorar eu já descobri, agora quero conhecer melhor a de estar sozinha por um momento, talvez por um longo tempo. Porque não importa que estejamos sozinhos, desde que estejamos felizes. Pois mais desesperador é você estar com alguém, mas manter-se infeliz.
Nem todos aqueles que estão sozinhos são tristes, como também nem todos que estão acompanhados são realmente felizes! A vida não é uma regra. Os desafios são diferentes e a felicidade: um ápice a alcançar. Estejam eles namorando ou solteiros – assim como estou, agora – o que todos querem afinal, é ser feliz!