Eu peguei aquele brinquedo, com carinho e o embrulhei. Saí correndo com um destino certo e com pressa, pois não sabia quanto tempo restava. Atravessei ruas e mais ruas, corria desesperadamente, os carros buzinavam ao ver uma criança de apenas 10 anos atravessar as ruas sozinho. Até que então cheguei, toquei a campainha e uma moça, que nunca tinha visto antes, apareceu.
Entrei sem muitas explicações, pois de uma forma ou de outra a moça me conhecia. Kennedy estava sentada no sofá, me viu chegar e se escondeu de mim, cobrindo sua cabeça, porque já estava sem cabelos. Estiquei as mãos, entregando-lhe o presente que ela mais queria. Ela, envergonhada, saiu correndo com a almofada na cabeça e depois de alguns instantes voltou com um lenço, disfarçando a ausência dos fios. Sentou-se, ainda com vergonha e contou-me os motivos de estar assim.
Ela sofria de câncer com apenas 9 anos e seu estado já estava avançado. Pedi então que abrisse o embrulho, assim a fez e ali em suas mãos estava um carrinho de cordinha com uma boneca dentro, o presente que Kennedy tanto quis, mas seus pais nunca tiveram condições para comprar, devido aos gastos com o tratamento. Em seus lábios abriu um sorriso doce, em seus olhos o brilho começou a surgir. Agarrei-a pelos braços e dei um abraço longo e disse lentamente ao pé do ouvido:
- Eu não te amo fisicamente, mas sim espiritualmente, pois não amamos um corpo e sim uma alma. Você é encantadora para mim do jeito que for, pois me conquistastes e minha alma foi atraída pela sua e nada impedirá essa nossa amizade. Eu amo você, Kennedy e lutarei com unhas e dentes pela sua recuperação. As lágrimas dela molhavam minha roupa e eu não me importava com isso. O sorriso dela adentrou minh’ alma e somente isso era importante pra mim. Nossas almas juntas e unidas por uma força única e superior a todas.
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