sábado, 3 de setembro de 2011

Semana especial: À prova de tudo #Dia03


Estavam ali mais uma vez, João e Maria, com seus corações ardendo. Apesar de se esforçarem, de se empenharem, de tentar entender, o amor é muito maior que a gente. Achamos que podemos controlá-lo, até que ele aparece de vez e prega a peça. E aqueles corações ardiam. Mas não era de dor ainda. Era de amor.
E mesmo sem saber ao certo o que estava por vir, ambos os corações estavam dispostos a entregar-se, a embaraçar-se em uma única batida sincronizada pelo ritmo veemente abrigado naqueles músculos recém apresentados a pureza de tal sentimento.
O coração de João, incontido, sentia intermitentemente o de Maria pulsar, querendo mais, pedindo mais e ambos ansiavam por aquela entrega, pois não importava o depois, era o agora que eles pensavam, que eles sentiam e cediam. O olhar dos dois se encontrou, transmitindo muito mais que simples palavras. Os corações bombearam amor pelas artérias e então souberam que seus destinos estavam entrelaçados, não apenas no presente, mas talvez para sempre.
- João... – Disse Maria felizmente surpresa ao tê-lo parado em sua frente. No mesmo instante, seus olhos pareceram começar a se marejarem, mas relutavam.
- Maria! – Exclamou ele, dando aquele tipo de sorriso que não deixa dúvidas. Olhou naqueles olhos sensíveis que teimavam em ser frios. – Ela continuava a mesma, pensou ele. Pela vontade dela, nada seria demonstrado. Mas aquele olhar que se mantinha fixo no dele a entregava. Como se de alguma forma ela fizesse aquilo de propósito. Como se soubesse que ele não resistia àquele mistério dela, cuja solução estava estampada nos olhos da mesma.
- Nem acredito que estou te vendo novamente! – Sorriu sem jeito. – O que o trouxe para cá, depois de dois anos?
- Eu também não achei que fosse voltar. – Comentava sem tirar os olhos dela. – Mas meu pai teve que vir morar aqui novamente, coisas de trabalho. E você sabe, onde meu velho está, estou junto. – Devolveu o sorriso.
Fez-se silêncio longo, então. Mas será que alguma palavra precisava ser dita, quando mesmo na ausência da mesma, já se podia ter certeza do que estava oculto?
Maria tentava ser difícil, manter-se firme. Mas João sempre fora péssimo em resistir. Resistir à Maria, especificamente. Então a abraçou, envolvendo-a de uma forma como se estivesse dando um colo, protegendo-a. – Ele sabia que ela adorava esse abraço. E os olhos dela estavam implorando por ele.
Já era. Bastava a entrega de um, para que o outro também se entregasse. Ela desfez-se rapidamente da frieza e num instante desistiu de ser difícil. Porque isso sim era extremamente difícil quando ela estava fechada naqueles braços. Encostou a cabeça no peito dele e confortou-se ali. Como sempre havia feito antes.
- Eu senti tanto a sua falta! – Sussurrou Maria.
Mas nesse instante, o sorriso esboçado no rosto de João se apagou lentamente. Lembrara-se de algo.
- Maria, eu estou namorando. Antes de vir pra cá, prometi para Eduarda que ainda seria dela.
Então ela desprendeu-se do abraço e olhou-o inconformada. Não havia relutância em seus olhos agora. As primeiras lágrimas já davam sinal no canto dos olhos. Porque em se tratando de tristeza, Maria não era daquelas que conseguiam disfarçar a dor com um sorriso, contendo o choro. Tentava ser fria. Mas era frágil.
- Ei! – Chamou João, pegando as mãos dela. – Está tudo bem! – Juntou-as perto de sua boca e beijou uma delas.
- Você sorri daquela forma, me abraça daquele jeito, de repente diz que está namorando, e depois me diz que está tudo bem? Como tem coragem? – Diz Maria tristemente, começando a se impor.
Soltando uma das mãos dela, e levando uma das suas ao rosto de Maria, diz:
- Você faz todo um mistério, não resiste, me encanta dessa forma e depois acha que eu não desistiria de qualquer outra mulher para ficar com você?
Os olhos dela se paralisaram, um tanto incrédulos, mas quase gritando felicidade.
- Maria, quando soube que eu voltaria para cá, sabia que uma hora ou outra te encontraria pela rua. Pensei que seria fácil manter minha palavra para Eduarda, porque achava que a amava. Mas me enganei feio.
- E como sabe que se enganou?
- É que assim que te vi, me esqueci dela totalmente. E na maioria dos poucos momentos que passei com ela, estive pensando em você.
Maria olhou-o furtivamente comovida e disse:
- Você sabe que quebrar uma palavra é muito triste.
- Maria... Muito triste seria continuar com ela, sabendo que é você quem eu amo. Muito triste, seria passar minha vida sem você comigo. Eu posso dizer para ela que quero terminar, tranquilamente. Mas dizer que posso ficar sem você, não dá. Ainda mais quando te tenho assim tão perto. Não dá mesmo, eu não consigo.
Puxou-a num abraço assim que terminou de falar, e sem dar tempo para que Maria dissesse algo, beijou-a.
Atrações são perigosas. E foi isso que João havia sentido por Eduarda. Mas o amor é à prova de tudo. E ele terminaria com ela, porque amava Maria.


Um comentário:

renatocinema disse...

O amor é perigoso. A atração é perigosa...mas, qual a graça da vida sem o perigo?

Amei o texto e a imagem que o ilustra.

João e Maria sobre o ponto de vista do amor e da atração.