quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quase fim: um recomeço!

Querida Kate,
As circunstâncias existem, eu sei. As intempéries foram impostas, fazer o quê? Aquele quase destino, quase trajeto e quase felicidade, foi traçado – não por mim, não por você, mas pela realidade expressa entre os nossos pés.
Eu sabia que a qualquer momento nossas eventuais vidas seriam separadas, mas, acredite, sempre imaginei que jamais seria o “próximo” plano. Nunca imaginaria que seria esse o nosso descobrimento, a nossa mudança. A reviravolta que foi posta e agora não podemos alterá-la. Ou podemos?
Fomos pegos em flagrante, princezinha. Você com a mala de diamantes e eu com a mala de dinheiro. O que podíamos ter feito naquele instante, a não ser entregarmos tudo?
Como poderíamos alterar um passado contínuo, num presente inabitual?
Eu sei o quanto você almejava riqueza e fiz até o que não podia para dar-te o melhor. Reconheço que levei-te para o caminho indesejável, talvez intrépido, mas era apenas a alternativa em que achei cabível para nosso sucesso repentino.
Quando sair daqui pretendo vê-la, aproveitar nossas conversas, nossas gargalhadas mais calmamente e ser o pai que você tanto sonhou um dia. Ser o avô dos teus filhos e o supridor de suas necessidades.
Espero sair o mais breve e tirá-la da lama da angústia em que a coloquei, não apenas teus pés, teu corpo, mas a tua alma por inteira. Peço que perdoe-me de todas as infelicidades que lhe trouxe. Quero recomeçar minha vida, direito, certa, com você. Apenas!
Recomeçar os meus passos, por mais tribulosos que possam ser os meus dias, estarei disposto a enfrentá-los para conquistar o alimento diário. Serei o pai certo, o avô educador, zelador, o homem com H’s em maiúsculo, com agilidade, dinheiro e felicidade do cara mais realizado do mundo.
Vamos recomeçar uma nova vida, sem roubos, sem disfarces, sem armas, sem riquezas? Estás disposta a sofrer a temperatura do asfalto, rachando teus macios pés, num dia quente? Estás disposta a tomar um banho de chuva, naquele gigantesco frio, às 5h da manhã, em plena segunda-feira de trabalho? Estás disposta a enfrentar o escuro do medo, o claro da verdade, o frio da ilusão e o calor do sofrimento?
Se estiveres, saiba que estarás disposta a reiniciar uma nova vida, a recomeçar o que já devíamos ter feito. A olharmos com os olhos da sabedoria e da dignidade, pois não quero perdê-la pra nada e ninguém. Não quero trocar uma noite de alegria, com a minha querida e preciosa filha, por uma de riquezas e de riscos. Eu quero recomeçar com você, nem que para isso seja preciso morar novamente naquele vilarejo onde você nasceu.
Eu te amo, Kate. E amar-te-ei eternamente, enquanto estiveres disposta a lutar por um amor fraterno, rico em sentimentos, mas miserável em matéria de notas de dólares.


Daquele que apagaria a luz do mundo para enxergar o brilho dos olhos teus.
Seu pai, Kristoffer.


4 comentários:

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

Admiro quem
escreve contos.
Não é fácil
em poucas palavras
montar uma história,
deixar uma mensagem,
inspirar um sentimento...

Parabéns.

Viver é sentir os sonhos
com o coração.

Anônimo disse...

Claro, estão linkados e por vezes passarei por aqui.

Excelente proposta! Continuemos então... Pois todos ainda temos muito o que contar!

Parabéns!

AS CARTAS DO VELHO MARUJO
http://velhomarujo.wordpress.com/

Anônimo disse...

Oi.
passei pra lhe fazer uma visitinha.
Ótima semana .

http://iasmincruz.blogspot.com/

A.Horta disse...

Hey hey. Me falaram do seu blog e um dia ainda leio - a preguiça e falta de vergonha na cara não deixam -, mas antes disso, eu queria saber como vcs colocaram esse negócio de não conseguir copiar nada nem o botão direito funcionar. Quero por no meu blog. Obrigadinha ^^