segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A prece




















Dizem que é bom ter sonhos. Tati acreditava piamente nisso. Sempre fora sonhadora, é um fato. Quando criança dizia que ao crescer seria cantora, e quando cresceu um pouco, trocou os palcos por uma sala de aula. Seria uma professora de ciências! E então, seu sonho de lecionar transformou-se com o tempo, vindo a calhar em advocacia. Queria ser um advogada brilhante, com um lindo escritório e vários casos e processos. Sonhava também, quem sabe, em um marido que a amasse todo o tempo. Que a ligasse só para dizer que estava pensando nela e, quando menos esperasse, recebesse flore. E talvez um apartamento do jeito que queria, com as coisas que queria e enfim, uma vida tranquila. Mas tão importante quanto sonhar, é o valor que damos a aprovação dos nossos sonhos. Sentimos essa necessidade de que as pessoas concordem com a gente. É sempre assim, com todos é assim. Com Tati não foi diferente. E por mais que o sonho do Direito fosse essencial para ela, seu pai não concordava. Queria Administração. Mas Tati não concordou, Tati lutou, Tati não desistiu. E naquela noite saiu de casa. Saiu porque sabia que o que tinha no peito, era mais o mais importante que tinha. Estudava de manhã, trabalhava a tarde e de a noite era para todo o resto. Passou fome, passou por toda sorte de desconforto, não tinha roupa lavada. Sustentou-se sozinha, lutou sozinha, e pouco a pouco destacando-se na universidade, tornou-se uma advogada. Uma boa advogada. Então conquistou um namorado, que veio a ser seu marido. Um bom emprego, uma casa. E da mesma, sempre pouco a pouco, foi conquistando todo o resto. Inclusive seu pai novamente. Nas mãos de Tati esta marcadas, cada conquista e cada batalha.

Talvez a história tenha sido pequena demais, e não caiba nela o significado que eu queria lhe dar: não há nada mais importante que nossos sonhos. E acontece simples assim, a gente abre mão de algumas coisas, porque realmente amamos outras; geralmente não espaço para segurar tudo ao mesmo tempo. E que ninguém se engane, perseguir sonhos é duríssimo. Nós somos muito mais capazes e fortes do que supomos, há exemplos em todos os lugares, todos os dias.Tati, na sua resumidíssima batalha aqui contada, sacrificou anos em busca do que queria. O que há no nosso peito, o que a gente ama, o que a gente sonha; só a gente entende. Então ninguém tem o direito de medí-los ou pesá-los no nosso lugar.

Se a gente acredita nos sonhos, é porque somos feitos de sonhos.

Em nome dessa Franquia, espero que tenha sido um Natal esperançoso e verdadeiro como Rodolpho fez questão de desejar. E como minha prece, nessa virada de ano peço que tenhamos coragem de correr e não desistir do que acrediamos. Pois afinal, o que é mais importante que isso. Feliz Ano novo, talvez antecipando o que tem Letícia a dizer.

5 comentários:

Lívea Colares disse...

"Se a gente acredita nos sonhos,é porque somos feitos de sonhos"
Bela frase, me lembra a de Shakespeare que diz mais ou menos "Somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos". Texto curto porém denso, legal!

renatocinema disse...

Depois de assistir duas vezes A Origem estou com medo de sonhar.kkkkk

Aleatoriamente disse...

Parabéns para essa guerreira.
Belo texto.
Vim te desejar um feliz ano novo.

Abraço querido.

Fernanda.

O Neto do Herculano disse...

Tenho um sonho que nao cessa.
Adeus, ano novo!

Letícia R. disse...

Ela ta parecendo eu no passado: Sonhando em ser uma coisa, depois sonhando em ser em outra, rs. Mas no final a gente sempre sabe o que realmente queremos. E temos que fazer como ela fez, lutar, abrir mão de certas coisas para então poder conquistar. Sonhos são importantíssimos. E quando realizados, fazem a gente se sentir a pessoa mais importante do mundo.


Gostei to texto, muito bom pra refletir. E sua frase ficou demais.