Certa manhã, Rubens e Marta encontraram-se
para o almoço de domingo. Apesar de serem ex-namorados, gostavam de manter
contato, estar juntos. Ele satisfazia-se com aquela amizade que preenchia todos
os momentos vagos com boas conversas, e algumas doses de risadas. Já ela
alimentava um desejo fervoroso de casar-se com ele. Amava-o! Ele sabia disso,
tanto que sempre desconversava quando os assuntos caminhavam para lados um
pouco mais íntimos; afinal, não desejava reassumir um compromisso, mas também
não queria perdê-la.
Quase
conformada diante de tantas rejeições, ela aprendera a calar-se, e, acima de
tudo, a sufocar seus desejos e sonhos mais íntimos. Era melhor tê-lo assim do
que não tê-lo!
Com
o tempo, cara a cara com essa nova realidade, ele começou a acreditar que ela
já o esquecia, e, inocentemente, comentava sobre seus romances com outras
mulheres, sem saber, no entanto, que exercia uma tortura chinesa. As palavras
transformavam-se em gotas d’água que caiam, incessantemente, sobre o coração de
Marta, formando, ali, uma grande ferida.
Chegando
ao restaurante, assentaram-se junto a uma bela varanda na qual podiam assistir
ao ir e vir de pessoas e carros, fizeram seus pedidos, e, enquanto esperavam,
conversaram animadamente a respeito do programa que haviam feito na noite
anterior: Fernanda Montenegro, em monólogo, estreara uma peça sobre o amor
entre Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Maravilhados com a riqueza
dramática de tal espetáculo, até cogitavam colecionarem, juntos, toda a obra
dos pensadores franceses.
Após
esperarem aproximadamente quinze minutos, foram servidos, e começaram a
desfrutar de seus pratos. Em dado momento, uma linda mulata passou,
majestosamente, pela rua. Embevecido por aquela imagem, Rubens comentou:
_ As morenas são fenomenais! Um dia ainda
caso com uma – e, com olhos sonhadores, riu.
Marta
calou-se. Correu, rapidamente, os olhos por suas mãos, braços e pernas.
Espantada, deixou escapar um leve murmúrio de horror, e, em choque, constatou:
era branca; como a neve... Pronto! Meia dúzia de gotas acabara de atingir seu
peito. Repetiu-as mentalmente: um-dia-ainda-caso-com-uma.
Percebeu,
então, o quanto ele mudara nos últimos meses; já não era mais o homem que
conhecera. Assumindo para si mesma o luto pela morte de seu amado, olhou para
aquele estranho à sua frente. Ele, vendo-a pálida, sorriu. Quando Marta
vislumbrou aquele gracejo, teve ânsias de vomitar não só a comida, como também
a alma! Havia, sobre o dente daquele desconhecido, um cintilante pedaço de
acelga. Fugindo daquela cena horripilante, voltou seus olhos para os lados.
Viu, instantaneamente, diversos casais sorrindo mutuamente - mas os dentes de
todos estavam limpos! A ficha, até que enfim, caíra: o relacionamento com
Rubens seria sempre um tortuoso sorriso sujo.
Orgulhosa
de sua descoberta, e farta de tanta dor, tomou um gole de suco, retribuiu
polidamente ao sorriso daquele homem, e disse: sim! Levantou-se, ajeitando as
roupas e caminhou até a saída! Logo, entre gargalhadas, apagou, na agenda de
seu celular, o número do finado amor, e dizendo-se um sonoro "sim para a
felicidade", foi pelas ruas de Juiz de Fora ignorando aos chamados do
torturador.
Um comentário:
kkkkkkkkkkkkkkkk Acelga, é? kkkkkkk
Rapaazzz... Até eu to rindo com, oi mas, estou com os dentes limpos, até escovei os dentes para não me trair ao comentar e gargalhar, viu? kkkkkkk
É, sei lá, pode ser que aqui neste espaço de comentário tenha um espelho cristalino que reflita ai onde vc está e mostre-me com os dentes, não com acelga, e sim, com gerimum ou quem sabe pividio de jaca! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Belo conto!
Agora me diga para que essa sopinha de letras que dificulta enviar o comentário? Aimôpai! kkkkk
O Sibarita
Postar um comentário