quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A moça no balanço - 2ª Parte

Distante, numa cidade de cores mortas, o moço de cabelos negros enxugava a última lágrima que havia secado nos olhos castanhos. Não bem enxugava, era uma última reverência àquela lágrima que evaporara na espera de que se acabasse a tristeza. Ê distância, agora contemplava pela janela o horizonte que ao extremo de onde pode-se ver confunde-se com o lugar nenhum. Olhava concentrado, num magnífico esforço mental de imaginá-la como estava, onde estava, fazendo o que? Se imaginava feito pássaro, livre, e então voava para onde quer que ela estivesse, e se não aguentasse se saudade, pousava-lhe na mão. O moço robusto agora impacientava-se com a vida: por que brincar com o amor dos outros. Pôs as mãos nos bolsos frontais da calça, caminhava de uma lado para o outro, de uma lado para outro. Cadê a carta que deveria voltar-lhe em resposta?

Centenas de quilometros dali, um carteiro percorre qualquer dessas estradas sinuosas, onde sonhos se perdem, sabe? Uma moça já não espera em seu balanço e uma carta ainda segue pelo seu rumo.

Não tinha paciência, o moço jurara: se não soubesse como seu amor estava, voltaria. Custasse o que custasse, traísse a quem traísse, matasse o amor que fosse.




Parte 2.

Um comentário:

Criss Ashe disse...

Parabéns pelo conto Cristiano, aguardarei o "to be continue". rs.

http://ouca-o-silencio.blogspot.com