Ele vestia uma camisa social branca com riscas de giz azul escura, combinando com a calça marinho, os sapatos modernos de couro legítimo.
Ela pediu um vinho e ele uísque.
Ambos conversaram durante horas, porém, ela já estava cansada. O dia não tinha sido um dos melhores. Então, ela se retirou e foi deitar. Ele permaneceu por lá, bebendo mais algumas doses e conversando com um jovem rapaz que conheceu pela tarde.
Madlyn e Fredy estavam num cruzeiro pela Itália, comemorando o aniversário de 18 anos. Tudo estava indo tranquilo e cheio de felicidade. Cada movimento era um motivo de alegria. A farra na piscina, as danças na danceteria improvisada pelos tripulantes, o bolo encomendado para o aniversário. Cada detalhe era fotografado, cada momento aproveitado da melhor maneira possível. Até que então, enquanto Madlyn dormia, o capitão do navio se distraiu e acabou colidindo com uma rocha junto à ilha de Giglio. Com a colisão, um grande buraco foi aberto no casco do navio e imediatamente começou a ficar coberto por água.
Os que ainda estavam acordados se desesperaram. Fredy só pensava em Madlyn e correu para o quarto no andar abaixo para socorrê-la. No mesmo instante foi impedido por um dos seguranças que lá estavam, alegando que era perigoso ir até lá. Ele lutou verbal e corporalmente com ele e conseguiu desvencilhar-se.
Ao chegar lá embaixo, o quarto já se encontrava totalmente inundado. Com muita dificuldade, ele percorria cada cômodo. Contava os quartos e, quando chegou ao quinto, mergulhou totalmente para vê-la.
Ela não estava lá. O desespero tomou conta de seu corpo, arrepiando-lhe a epiderme. Voltou para cima, onde a água não cobria e buscou oxigênio, respirou três vezes e desceu novamente. Resolveu procurar numa sala que tinha dentro do quarto, ainda. Lá estava ela, tentando se desvencilhar das águas. Subia e descia, pois não sabia nadar.
Agarrou-a pela cintura e começou a nadar para saírem de lá. O mesmo segurança estava atrás dele e ajudou-o a salvá-la.
Havia um último e pequeno barco para carregar o restante dos idosos e das crianças. Vendo a situação emergencial da garota, ela foi levada e Fredy a acompanhou. Estava desacordada, havia ingerido muita água e foi imediatamente levada ao hospital.
Tudo que Fredy queria era saber notícias dela, sempre ficaram juntos, eram como unha e carne. Tudo que ele fazia era com ela, para ela e não saberia como ficaria se a perdesse.
Foi até a sala de doação e fez o que foi pedido, não aguentava mais esperar o resultado. O médico saiu da sala e relatou o caso. Ele chorava feito bobo, não podia acreditar, mas ela ainda estava viva, queria vê-la e estava disposto a fazer o que fosse.
- Não é necessário fazer mais nada, ela passa bem e você salvou a vida dela. Vá vê-la, pode entrar.
Ele não sabia se chorava, sorria ou se a agarrava pela cintura e a beijava terminantemente. Não queria mais sentir aquela sensação terrível, de sentir a morte tão perto.
- Você salvou minha vida, Fredy. Eu sempre falei que você estaria sempre comigo.
- Pois é, agora mais do que nunca eu estarei.
- Como assim?
- Porque há um pedaço de mim em você inteira. Não só de corpo, de coração, mas agora de sangue. Eu doei uma boa quantia do meu sangue para que você vivesse. O doutor disse que, enquanto você estava se afogando, a laringe estava fechada, impedindo que a água não inundasse seus pulmões, mas depois de um tempo ela relaxa e acaba por encharcá-lo e ele para de funcionar. O seu já estava ficando assim, quase parou. Eu te tirei a tempo, mas você perdeu muito sangue, pois bateu a cabeça numa barra de ferro e foi isso que facilitou o seu afogamento.
Ela chorava, soluçando. Abraçou-o, mas queria mais do que isso, queria entrar nele, filtrá-lo com todas as forças por salvar-lhe a vida.
- Mamãe não vai nem acreditar. Eu amo você, Fredy. Você já era parte da minha vida, agora você é totalmente a minha história.
- Eu fiz o que pude para proteger você, como nossos pais pediram e quando eu chegar em casa, eles estarão orgulhosos de mim e, claro, de você também porque foi uma guerreira.
Os irmãos gêmeos se abraçaram ardentemente e não importavam mais os apuros que passaram, o que importava agora era a vida deles, a felicidade. Ah, e é claro, o amor incondicional.
2 comentários:
Quase real hein Naty!
Fiquei sem fôlego lendo, boa sorte nas edições!
Beijo!
Incrível texto, tenho até honra de ter perdido para você ahsuah
Sempre fico embasbacada quando venho aqui. É tanto sentimento, tanta poesia, tanta beleza... Lindo, enfim.
Parabéns, mereceu o primeiro lugar!
recantodalara.blogspot.com
Postar um comentário