quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Passado presente




Uma das coisas mais fáceis de você sentir em meio a um amor sem muito futuro, é se sentir um cômodo sem móveis algum: Vazio - Lembrei a mim mesma.
Talvez o cupido errou a flechada, ou acertou a flecha errada na pessoa certa para você: Flechou a pessoa com a flecha ‘ilusão’, invés da flecha ‘amor’.

Eu tinha apenas quatorze anos quando dei meu primeiro beijo. Era junho, fazia frio, ainda me lembro. Passaram-se apenas dois dias, e na noite de uma segunda-feira, o mesmo garoto me pediu em namoro.

- Me sinto estranho. Pela primeira vez quero namorar com alguém. – ele me disse, olhando fixamente em meus olhos.
- Pela primeira vez encontro uma pessoa que consegue viver sem amar alguém. – Observei, sendo que sempre amei alguém.
- É diferente de tudo, sabe... Eu gosto do seu olhar. As pessoas tem olhares diferentes, o seu jeito de olhar em meus olhos me fascina. Você não faz idéia do quanto senti sua falta no sábado e no domingo. Você... Você aceita namorar comigo?

De repente tudo era sereno pra mim. Demorei tantos anos para dar o primeiro beijo, e agora estava ali, com um garoto que conheci numa sexta-feira, que falava olhando em meus olhos, tentando fazer com que as palavras que saíam de sua boca fizessem sentido. Era confuso pra ele. Era algo novo pra mim. Mas no fundo eu gostava disso.

- Claro que aceito namorar com você. – Respondi com um sorriso espontâneo.

E então ficamos ali, abraçadinhos entre um vão do muro que havia na calçada de casa.
Durante todo o mês de junho, o vento frio pairava no ar. Então ele me aninhava em seus braços fortes e eu encostava minha cabeça em seu peito. Tudo ficava bem. Não importava o que acontecesse. Tudo era diferente quando eu estava com ele. Eu poderia estar me sentindo insegura, sozinha. Mas era só ele me envolver em seus braços, que tudo me parecia normal novamente. Ou talvez eu me esquecesse do que estava sentindo. É que quando eu estava com ele, só havia lugar para um sentimento em mim: O que eu sentia por ele.

Ele me falava palavras confortantes. Comentava meu novo corte de cabelo. Olhava sempre minhas unhas, pra ver se eu tinha trocado o esmalte vermelho pelo preto. Eu amava o modo como ele prestava atenção em mim.

Acontece que o tempo é o bem maior da vida. Mas o que ele une, ele também pode separar. Pode não haver motivo aparente, mas as coisas acontecem...

Durou sete meses e meio. Mas acabou.

Às vezes me desespero. É inevitável não sentir falta de algo que te faz bem. Todavia, sempre existe um consolo. O meu, é acreditar que dias e pessoas melhores virão. Pela ausência dele, me sinto vazia. Mas a certeza de que o amo e as lembranças boas que tenho dele, me completam.
E tem mais uma coisa: Se eu o conquistei, não o perdi para sempre.

Se nada impede que nosso olhar se encontre novamente, tampouco impede que nossos corações se unam outra vez, se assim tiver que ser.
Se ele estava iludido ou realmente me amava, pouco importa. Se ele me ama, ele volta. E se não for tarde, estou disposta a arriscar mais uma vez. Porque sempre vale a pena conseguir algo bom que se deseja. Mesmo que seja pela segunda vez.

6 comentários:

Rodolpho Padovani disse...

A vida é cheia de idas e vindas, começos e despedidas, mas a verdade é que nem tudo acontece como gostaríamos, mas sim do modo que deve acontecer.

renatocinema disse...

Profundo e verdadeiro. Abs

Julyana ツ disse...

Tudo que é seu, por mais distante que esteja, acaba voltando para você ^.^



;*

Nina disse...

Nossa que amor lindoo!!

Muito puro e verdadeiro, capaz de enfrentar qualquer barreira!

Amei o textoo

Bjos


Nina

BlackRabbit disse...

"- Pela primeira vez encontro uma pessoa que consegue viver sem amar alguém."

naum eh a primeira vez pra mim...
(Y)
belo texto...
\o

Cristiano Guerra disse...

Realmente, belo texto. O amor é assim, deixa a gente esperançoso. E a boa gramática diz que esperança significa 'ato de nunca deixar de esperar'. Quem conheçe o amor, nunca vai deixar de esperar por um, que não acabe e preencha a vida inteira.

ps: Esse foi o seu melhor ;D