quarta-feira, 29 de maio de 2013

Martelada final

Ele corria incansavelmente à procura de ajuda. O sol queimava seu rosto e o asfalto da estrada tornava-se verdugo aos seus pés. A sequidão da temperatura rachava seus lábios, mas não havia água para saciar sua sede. O desespero tomou conta de suas entranhas.
Sem conseguir ir adiante, ele parou e caiu no chão ardente. Seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos e se dissiparam ao tocar o fogo do chão que o consumia devoradamente.
Um carro passou ao seu lado e simplesmente não o ajudou.
Mais uma martelada, dessa vez mais dura, e novamente as lágrimas queimavam aquele rosto, juntamente com o sol escaldante. Ele chorava e não tinha ninguém que pudesse consolá-lo. De repente outro carro passou e enfim resolve parar. Abaixou o vidro e olhou profundamente naqueles olhos abatidos e decidiu ajudar. Pegou-o no colo e colocou no banco de trás. Ele desesperado só queria ouvir uma voz, um sorriso dela mais uma vez, uma única vez. Mas ela não o fez... Foi levada por homens, num carro. Ele correu demasiadamente para procurá-la.
Já deitado no banco, outra martelada, a terceira, dessa vez foi tão dura que ele não resistiu. Fechou os olhos e nunca mais abriu para contemplar a continuação da estrada que ainda o restava a seguir e sem a certeza se sua filha ainda estaria viva.

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