quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Só o tempo; Só, o tempo


Vestida por um sonho inacabado que movimenta o sono quase tranqüilo de todas as noites. O quase surge no impasse soprado pelo caos que mergulha nos ouvidos atentos. Deveria ser ela a menina tranqüila de sono fácil. Deveria. Mas a existência da objeção faz de sua linha da vida um quadro subjetivo e frágil de difícil entendimento.

Ela sonha com engrenagens. Milhares delas. E em um momento despercebido sua visão é alçada por um vôo cálido. O vento que sopra suas roupas é trançado por um calor aconchegante. A brisa carrega plumagens galopadoras de suspiros, e essa é a parte gera uma tranqüilidade incomum. Seu vestido é pintado pela cor de seu líquido vital. Enquanto sua visão altiva se faz, as engrenagens vão dissolvendo-se perante a altura que as fazem sumir.

Um tombo insensível a leva de volta, as engrenagens em constante movimento vão ficando mais próximas e ela consegue perceber o barulho incessante de dispersão entre ela e ela mesma.
Algo lá fora a chama, sua voz é inteiramente audível. As engrenagens reclamam insistentes. É a hora. É a hora! O tiquetaquear se faz ensurdecedor. Ela esfrega os olhos empurrando o resto de sono das pálpebras. As engrenagens a cercam por todo o lugar. A escrava do tempo acordou – murmura para ninguém, e para o mundo. 

Um comentário:

renatocinema disse...

Bela combinação entre imagem e texto.

Adorei......só falta ganharmos o tempo.